sexta-feira, 8 de março de 2013

Sede Vacante e Conclave


A primeira vez que presenciei uma Sede Vacante (Sé Vaga, sem Papa), assim como tantas outras pessoas, foi em 2005. Além de ter sido, até então, um momento inédito que eu podia observar na Igreja, havia alguns aspectos que tornavam aquela situação única. Lembro-me como se tivesse sido ontem.

Era um sábado, 2 de abril, dia em que eu completava 15 anos. Em casa, estávamos nós da Legião de Maria reunidos para a habitual recitação mensal do Rosário e do Ofício da Imaculada Conceição, por volta das 14:00hs. Estávamos em oração. Aliás, muitas pessoas faziam o mesmo ao redor de todo o mundo, particularmente aquelas que estavam na Praça de São Pedro com os dedos desfiando as contas do Rosário e com os olhos fixos no Palácio Apostólico, mas precisamente nos aposentos do Papa. Mas havia algo que nos distinguia de muitas delas: ao passo que várias delas clamavam a Deus pela saúde de seu servo, nós suplicávamos que o Senhor o concedesse a tranquilidade para que deixasse serenamente esta vida e passasse à Eternidade.

Terminadas as orações, fizemos um costumeiro e breve lanche, à medida que, aos poucos íamos nos despedindo. Já quando poucos restavam, recebemos um recado de meu irmão (que havia a pouco ligado a televisão) de que João Paulo II tinha ido ao encontro de Deus. O restante do dia passei com o coração apertado, vendo as constantes matérias que eram veiculadas na imprensa.

Hoje, com 22 anos, encaro novamente a ausência de um Pontífice, por uma situação raramente vista na História da Igreja, a renúncia. Afinal, quase seis séculos nos separam do Papa Gregório XII, último a abdicar. Porém, diferentemente da outra ocasião, praticamente não acompanho mais a cobertura feita pela mídia. É que, desde que o agora Papa Emérito Bento XVI anunciou que ia abrir mão do Pontificado, no último dia 11 (festa de Nossa Senhora de Lourdes), estamos sendo "bombardeados" de matérias inúteis por vários setores da mídia, seja ela impressa, televisiva ou mesmo na internet.

O que acontece é que a Sé Vacante desperta atenções, sobretudo pela preparação para realização do Conclave. Só para se ter uma ideia, nem ainda havia chegado ao final do dia 11, assim que cheguei em casa, à noite, já fui surpreendido pela divulgação de uma lista contendo os nomes dos cardeais "mais cotados" para a eleição. Parecia até que uma pesquisa do tipo "boca de urna" fora realizada com algumas de suas eminências aptas ao voto, e que, após uma breve constatação de suas preferências, haviam chegado aos nomes dos mais lembrados por eles. Hipótese risível.

Como se não bastasse, logo no outro dia pela manhã, acompanhei uma reportagem com algumas personalidades "especialistas" em religião, que falavam já dos atributos que tinha de reunir o futuro Papa. Aspectos esses que estavam relacionados a uma "maior abertura da Igreja", ao "desenvolvimento da capacidade de compreender às necessidades da sociedade atual", um líder que estivesse disposto a fazer a Igreja "romper com pensamentos ultrapassados e abraçar a nova realidade dos fiéis", entre outros pontos inegociáveis defendidos pela corrente modernista.

Não somente isso, surgiam por todos os lados verdadeiros conhecedores do Vaticano, gente que garantia ter acesso a informações sigilosíssimas do que acontecia na Santa Sé. De repente veio à tona uma rede de corrupção dos altos postos da Curia Romana, algo como acontece naqueles filmes de mafiosos que se infiltram em grandes instituições para fazerem delas o meio de obter benefícios e perpetuar seus poderes; o envolvimento de alguns cardeais com a prática da pedofilia ou com a proteção de pedófilos na sua jurisdição episcopal; o conhecimento de um grupo secreto que, "por bem da Igreja", retirou do escritório do Santo Padre documentos confidenciais (o famigerado caso dos vatileaks), do qual Paolo Gabriele seria apenas um dos componentes; a existência de um suposto poder gay dentro dos muros da Cidade Estado, entre outras "revelações bombásticas" feitas pelas agências de notícias do mundo inteiro.

O fato é que boa parte desses senhores pouco está se importando com o futuro da Igreja. Alheios ao compromisso com a verdade, dogma central de sua profissão, vários desses jornalistas, longe de se preocuparem com o objetivo de informar, tem como preocupação a desestabilização da imagem de alguns que estarão envolvidos no Conclave, como forma de influenciar e, dentro do possível, tentar manipular o resultado deste, através da criação de uma pressão internacional que possa conseguir tal intento.

Felizmente fiquei sabendo há pouco por meio do correspondente de uma emissora católica brasileira presente no Vaticano, que os senhores cardeais estão muito tranquilos, em clima de constante oração, em adoração ao Santíssimo Sacramento e participando satisfatoriamente das Congregações Gerais, oportunidades em que aproveitam para se preparar espiritualmente e conhecer melhor seus irmãos de cardinalato, bem como para discutir as necessidades da Igreja nos mais diversos lugares do mundo, a fim de estarem aptos para a escolha do Sucessor de Pedro.

Quanto a nós, católicos de todas as dioceses, reunamo-nos em igual oração e comunhão, pondo nas mãos do Bom Deus o Conclave e o futuro da Igreja. Que a Virgem Santíssima, tal como a Igreja, Mãe e Mestra da Verdade, interceda por nós, nos momentos em que as tempestades se esforçam, violentamente, em fazer submergir a Barca de Pedro.

Non Praevalebunt!

Salve Maria!

2 comentários:

Charles disse...

Isso mesmo, meu amigo. Nesses momentos surgem criaturas denominadas "vaticanólogos", que por convicções totalmente seculares e ateístas, só enxergam a Igreja Católica como uma instituição e nada mais. E como todo dito "especialista" é louco por histórias românticas de conspirações, disputa de poder não perdem a oportunidade de garantir (não sei por quais meios) que isso é verdade. Esquecem que é além de uma instituição, o Corpo de Cristo a quem o próprio Cristo disse que "portae inferi non praevalebunt"!! Rezemos por nossos príncipes da Igreja para que se deixem conduzir pelo Espírito Santo e que o novo Pontífice seja digno de guiar a barca de Pedro por águas tenebrosas e tempestades cruéis!
Salve Maria!

Natanael Júnior disse...

Poie é, meu caro. Para nosso imenso consolo temos as palavras do próprio Cristo que garante à Igreja que ela não será vencida. Ao longo de vários séculos a Esposa de Cristo teve de enfrentar terríveis batalhas, várias vezes suscitadas por seus próprios filhos (que na verdade não eram), mas conseguiu superá-las. Já no último século, como por uma dádiva do próprio Jesus, Nosso Senhor nos relembrou sua promessa através da boca de sua Santa Mãe: "Por fim, meu Imaculado Coração triunfará"!

Rezemos e confiemos, pois!

Salve Maria!

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