sábado, 26 de janeiro de 2013

A "tolerância" dos intolerantes

Como boa parte dos brasileiros, sempre gostei do futebol. Apesar de não me recordar bem da data, algo na memória acusa que minha primeira ida a um estádio do esporte bretão foi nos idos de 1995, quando, pasmem, tinha uns cinco anos de idade. E não foi para assistir a qualquer partida, mas nada mais nada menos que um Clássico das Multidões. Um momento de tremenda coragem, para não dizer delírio, de meu pai.

Naquele tempo a grande preocupação de ir aos estádios era a superlotação destes, que, invariavelmente, levava dezenas, centenas de pessoas a passarem mal por calor ou pelo empurra-empurra típico destes locais. Não é muito difícil de imaginar quais eram as maiores vítimas: as crianças e os idosos. Tão corriqueira era essa situação que, todo clássico que se prezasse tinha o dia posterior à sua realização marcado por filmagens, fotos e declarações veiculados nos mais diversos meios de imprensa tendo como manchete a superlotação. Mas até aí, nenhum problema, meu pai sempre conseguia para mim um lugarzinho em que eu pudesse ficar resguardado, enquanto a multidão se espremia nas arquibancadas. Lembro-me que em algumas ocasiões foi na cacunda de meu velho que vislumbrei as melhores jogadas de minha infância, lances esses que eram por mim aludidos pelo resto da semana e que me davam uma vontade imensa de estar em campo.

Mas com o passar do tempo as idas ao estádio diminuíram drasticamente. Em parte por meu crescimento, que fazia com que as costas de meu pai se recusassem a cumprir o encargo que há pouco exerciam tranquilamente, mas, sobretudo, devido ao fortalecimento das torcidas organizadas, que transformavam os estádios e seus entornos em verdadeiros campos de batalha. Aos poucos as famílias davam lugar aos corajosos, que teimosamente não abandonavam o futebol, e aos maloqueiros, estes sim, verdadeiros perturbadores da ordem pública, que se utilizavam do movimento dos jogos para praticar roubos, ameaçar cidadãos, promover arruaças nas ruas e avenidas e, talvez o principal, esperar a torcida rival para ensaiarem um cenário de guerra urbano nas imediações dos estádios.

Desde aquela época não consigo compreender o que leva um ser humano a agredir outro simplesmente porque não compartilham da mesma preferência clubística, porque não defendem as mesmas cores e mascotes. Gostaria de ouvir uma resposta, um argumento plausível para esse meu questionamento. O fato é que, ao invés de algo que reduzisse a minha apreensão, recebi nos últimos dias a informação de que rapazes do IPCO (Instituto Plínio Corrêa de Oliveira) foram vítimas das ações truculentas por parte de um grupo ligado aos "direitos" dos homossexuais, na cidade de Curitiba/PR.

Era 14 de janeiro do presente ano, na capital paranaense. Na cena, jovens católicos que integravam a Cruzada pela Família, promovida pelo IPCO, com o objetivo de reafirmar a legitimidade da união matrimonial entre homem e mulher, bem como de defender os valores cristãos, que contribuíram para a construção da civilização do Ocidente. O dia estava tranquilo, a campanha ocorria natural e pacificamente, até que, no fim da tarde, um grupo de militantes ligados de agenda gayzista encenaram um dos mais lamentáveis episódios deste primeiro semestre. Para melhor entender a questão, convido-te a assistir ao vídeo:


Até onde conheço da Constituição Brasileira, todo cidadão possui o direito de expressar sua opinião, seja ela qual for, desde que esta não agrida à dignidade de outrem, ocorrendo de maneira pacífica e ordeira. Também até onde me consta, o respeito existe quando as partes envolvidas num discurso, apesar de apresentarem opiniões e argumentos divergentes, mantem o mínimo possível de cordialidade no tratamento entre si. A intolerância brota exatamente da violação desse limite na relação interpessoal.

Como ficou claro nas imagens, inicialmente, o grupo de rapazes fazia uma manifestação tranquila e sem tumultos, defendendo apenas os valores que julgam ser corretos e salutares, apenas defendendo a família e criticando o homossexualismo, sem a intenção de atacar pessoalmente quem quer que fosse. Por sua vez, sem a menor intenção de expor qualquer argumentação à respeito do tema, pessoas ligadas a um movimento homossexual decidem atacar verbal e não-verbalmente seus "opositores", dirigindo-os palavras chulas, cusparadas, insinuações sexuais, além de outras obscenidades e mesmo pedradas. De todas as formas possíveis tentaram romper a pacificidade dos caravanistas, a fim de que estes cedessem ao ambicionado conflito. Tudo movido pelo ódio aos que acreditam e defendem o contrário  daquilo que pensam e praticam. Tamanha era a insanidade dos militantes gayzistas, que estes, aos berros e insultos, lançavam aos jovens católicos os mais vis adjetivos, como fascistas, homofóbicos e, mais loucamente, racistas e agressores, ao passo que hipocraticamente reivindicavam tolerância. Atribuíam aos seus contestadores as suas próprias atrocidades e, forjadamente, revestiam-se da temperança destes.

Mas não é a primeira vez que coisa semelhante acontece. Em 2006, por exemplo, um grupo de feministas promoveu um ataque a alguns jovens católicos argentinos que, na ocasião, formaram um cinturão humano à frente da Catedral da Diocese, com a finalidade de impedir que esta fosse por elas profanada:


Diante desses fatos e de tantos outros que se intensificam cada dia mais, fica patente que o verdadeiro objetivo de grande parte dos militantes LGBT, feministas e outros agentes da agenda socialista é o de promover um sistema totalitário, censurador da sociedade e podador da liberdade individual dos cidadãos. Chegamos ao ponto de sermos ridicularizados por fazermos apologia à dignidade da vida humana e à família. Somos escorraçados dos debates acadêmicos tão logo manifestemos, nos menores gestos e expressões perceptíveis, o mínimo vestígio de moralidade. Por fim, já somos agredidos fisicamente por não comungarmos dos disparates compartilhados por alguns. O que virá daqui para a frente?

Termino o texto com as palavras do jovem católico argentino, no final do segundo vídeo (perdoem-me erros na tradução): "Tudo aconteceu em uma hora e quarenta minutos, mais ou menos. Foi terrível, não iam embora, gritavam conosco, cuspiam-nos, atiravam-nos latas de aerosóis e pedras, rasgaram uma bandeira da Argentina e a lançaram fogo, nós, somente rezávamos, uma Ave Maria atrás da outra, sem parar. Pedindo por cada uma delas, pedindo por cada criança abortada, pedindo por nossa Igreja e seus Pastores, também em reparação pelas blasfêmias proferidas...

...nos invadia uma paz extraordinária, e nisto coincidimos todos os que ali estávamos, uma paz que não pode vir de outro lado que não seja de Nosso Deus e Senhor, sentíamos que nos consolava a alma".

Mas, a despeito de todas essas provas, de alguma maneira absurda, parece que realmente somos nós os retrógrados, intolerante e totalitários. Não é mesmo, Zé?!

Salve Maria!

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