domingo, 25 de novembro de 2012

Jesus Cristo Rei do Universo!


"Pilatos disse a Jesus: 'Tu és rei?'. Jesus respondeu: 'Tu o dizes: Eu sou rei. Nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz' (Jo 18, 37)".


Salve Maria!

A despeito do calendário civil, que chega ao seu término a cada 31º dia do mês de dezembro, hoje se encerra o nosso Ano Litúrgico. Ao invés de fogos de artifício, confraternização ou do cumprimento entre os fiéis, a realidade que marca o fim do Calendário da Liturgia é a Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, enaltecendo, de modo veemente, a realeza de Nosso Senhor.

E, como toda solenidade que se preze, a de hoje não poupa o uso de incenso, a grande mobilização de ministros, bem como a utilização da cor litúrgica branca, própria dos momentos em que se celebra a glória e a alegria nos Santos Mistérios. Na Liturgia da Palavra, a belíssima leitura do livro de Daniel, a exaltação do Rei no livro dos Salmos, a citação do "Alfa e o Ômega" no Apocalipse de São João, a narrativa da Paixão no Evangelho de São João... Mas, espera aí! Narrativa da Paixão? Certamente houve um equívoco, podem pensar alguns. Com certeza a leitura deve ser da Transfiguração no Monte Tabor, da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém ou ainda da sua Ascensão aos Céus, concluem outros. Mas o fato é que, ao conferir o Evangelho previsto naquele dia no jornalzinho, lá está: o julgamento de Jesus diante de Pôncio Pilatos! Ora, acabamos de ouvir leituras que nos falavam da glória do Messias e, de repente, nos deparamos com um Cristo traído, abandonado pelos seus e prestes a ser condenado à morte?

Na cena: o discurso entre Jesus e Pilatos. Diante do questionamento do governador da província da Judéia sobre a realeza do Cristo, uma resposta que o deixou desconcertado: "O meu reino não é deste mundo. Se meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui" (Jo 18,36). Mas o que significava "não ser desse mundo"? Todas as formas de monarquia eram então conhecidas. Enfim, que nação governava ou de qual casa real descendia? A segunda pergunta não teve uma resposta satisfatória: "Pilatos disse a Jesus: 'Tu és rei?'. Jesus respondeu: 'Tu o dizes: Eu sou rei. Nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz' (Jo 18, 37)".

Diferentemente do que nossa lógica é capaz de entender, a realidade que Jesus expõe é algo completamente diferente daquilo que podemos imaginar. Ao invés de vestes ricas, servidão dos criados e proteção de uma guarda particular, a realeza que ali se mostrava estava, aparentemente, refletida num homem desprezado por sua gente, tido como malfeitor e resignado ao poder público. Mas é exatamente nessas circunstâncias que se dá a glorificação do Filho de Deus.

Notemos que, durante o interrogatório, Nosso Senhor declara que veio ao mundo "para dar testemunho da verdade", e que todo aquele que pertence a verdade "ouve a sua voz". Sendo Ele próprio essa Verdade, esse Logos, essa Palavra, que saiu de sua luz inacessível, se fez carne e entrou na nossa História, como nos lembra o mesmo Apóstolo no início de seu Evangelho, Jesus anuncia que veio para testemunhar com seu próprio sangue, com sua própria Vida, a salvação que fora prometida por Deus quando o homem teve sua natureza decaída pelo pecado. A Cruz, como nos afirma o Apóstolo dos Gentios, é "escândalo para os judeus e loucura para os pagãos; mas, para os eleitos - quer judeus quer pagãos -, força e sabedoria de Deus" (1 Cor 1, 23-24). Desta forma, o sofrimento e morte de Cruz, pelos quais passou o Senhor, não significaram sua destruição ou derrota, mas sua glorificação, pois foi no calvário que o amor venceu o ódio, que a vida venceu a morte, que Deus venceu o demônio.

Nos nossos dias, são muitos aqueles que, igualmente a Cristo, são coroados no sofrimento. Sabe-se que, no último século, nunca tantos homens e mulheres testemunharam com suas vidas a fidelidade à Fé Cristã. Na Legião de Maria, por exemplo, cerca de três mil irmãos foram martirizados pelo Regime Comunista, que governava a China. Irmãos que se juntaram a outros tantos que se recusaram negar o Evangelho que receberam dos Apóstolos, mesmo diante das mais terríveis ameaças por parte de seus algozes. Cristãos que, hoje, compartilham com seu Senhor a sua glória nos Céus.

Por fim, nós, que ainda caminhamos pelas estradas deste mundo, possamos entender o propósito que Deus estabeleceu para realizarmos. Que não nos deixemos intimidar pelo descontentamento das pessoas em geral, mas confiemos n'Aquele por quem lutamos. Que o Senhor nos conceda "uma fé corajosa que nos anime a empreender e prosseguir, sem hesitação, grandes coisas" por sua glória, tendo sempre em vista à Salvação das almas. Que, imitando o excelso exemplo de Cristo, saibamos que é recebendo com paciência os sofrimentos desse mundo que chegaremos à Glória Eterna.

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